quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Final de ano: reflexões e crescimento

O final de ano nos propicia alguns momentos especiais, como festas natalinas ou de Réveillon com a família e/ou amigos, férias, confraternizações nos locais de trabalho, entre outros. Mas o final de ano também proporciona outro momento importante – ou deveria, que é o da reflexão.
Segundo o Dicionário Aurélio, reflexão se origina do latim “reflexione”, que é “a ação de voltar para trás, de virar”. O autor acrescenta ainda que se refere à “volta da consciência sobre si mesmo, para examinar o seu próprio conteúdo por meio do entendimento, da razão”. Em outras palavras, reflexão é o ato de eu parar, olhar para trás e pensar sobre mim, sobre a minha vida, os meus sentimentos e atitudes, os meus acertos e erros.
Assim, a reflexão de final de ano pode conter tais aspectos, entre outros, como: o que eu fiz ao longo desse ano? Que coisas conquistei? Que coisas deixei para trás? Fiz tudo o que poderia ter feito? Onde acertei, onde errei? Como foram minhas relações com as pessoas? Como foi a relação comigo mesmo? Afinal, o que eu levo deste ano para o próximo? E que coisas eu não quero levar e as deixo neste ano? Quais foram as minhas aprendizagens ao longo deste ano?
Às vezes, pode ser um pouco duro nos deparar com estes questionamentos e, principalmente, com suas respostas, porque podemos nos dar conta de coisas difíceis, como das frustrações, das decepções, das dores. Por outro lado, defrontar-se com as reflexões pode ser muito positivo por perceber as conquistas, as satisfações, as aprendizagens. De qualquer modo, é praticamente inevitável não se sentir tocado por tantos questionamentos significativos. E como consequência destas reflexões, temos o crescimento e amadurecimento. 
Novamente Aurélio nos diz que crescer é aumentar, desenvolver-se. Ora, se eu reflito sobre o que se passou comigo ao longo deste ano, de alguma forma eu amplio, aumento a consciência sobre mim mesmo e assumo a responsabilidade pelos meus atos e sentimentos. E isto é o crescimento, o amadurecimento de que falávamos anteriormente. Agora, quero lhe fazer um convite: vamos refletir sobre o ano de 2011 e quem fomos nós ao longo dele?
Por Vanessa Marzullo 

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Luto - vivência e processo


O luto é uma vivência que ocorre após alguma perda, seja de alguém, como por morte, separação, viagem, seja de algo, como de um emprego. É uma vivência única, singular, extremamente pessoal e incomparável. É ainda um processo, que tem várias fases, desde a negação, revolta, até a aceitação ou conformação, podendo durar dias, semanas, meses e até anos.
Juntamente com o luto, é comum aparecerem sentimentos como tristeza, raiva, culpa, revolta, pena, ansiedade, solidão, sensação de desamparo, além de sintomas físicos, como dores, cansaço, falta de ar, entre outros.
O luto é uma vivência esperada e normal após a perda, e só é entendido como patológico após uma avaliação psicológica ou psiquiátrica, tendo como base a gravidade, a intensidade e o tempo deste processo.
Ainda que cada pessoa reaja ao luto da forma que consegue naquele momento (choro, desespero, isolamento, silêncio, etc.), sabe-se o quão importante é para a sua superação vivenciar o luto, chorar pela pessoa amada, conversar com pessoas próximas e/ou com familiares sobre seus sentimentos.
É comum ocorrerem regressões ou recaídas, principalmente em datas importantes, como aniversários, Natal, Ano Novo, Dia das Mães, dos Pais ou das Crianças. Para aquelas pessoas que já aceitaram ou estão em processo de aceitação, são momentos difíceis, tristes, de muitas lembranças e saudades. Para as pessoas que não elaboraram, estas datas são muito complicadas, podendo a pessoa reviver os mesmos sentimentos quando da perda, até em mesma intensidade, dificultando a elaboração do luto.
Independente do tipo de perda ou da reação e do processo de cada pessoa, é fundamental o apoio e a união da família e de amigos, como também de uma crença religiosa, para que se possa passar mais fortalecido por esta experiência tão dolorosa. Sabe-se que em alguns núcleos familiares, a perda pode gerar mais conflitos e separações, enfraquecendo emocionalmente os seus membros, tornando ainda mais delicada esta situação. Além da família e dos amigos, a psicoterapia pode ser também um importante suporte para a pessoa enlutada. 
Por Vanessa Marzullo 

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Depressão: psicoterapia para conquista do equilíbrio emocional


Muito já se falou e se escreveu sobre este tema, parece tão “batido”, mas a minha experiência me diz que não, que ainda é importante que se fale dela e penso que será por um bom tempo. Até porque a depressão é uma doença que já atinge 121 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo considerada uma das dez causas de incapacitação, conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS). Dentre suas causas, pode-se ter a biológica, a emocional, a social, a econômica, a familiar. Doenças físicas (câncer, AVC, diabetes mellitus, infarto agudo do miocárdio) e eventos estressantes (separação, perda de pessoas amadas, mudança de cidade, violência) também podem desencadeá-la.
Os dois principais sintomas são humor deprimido e perda de interesse ou prazer por quase todas as atividades, os quais devem estar presentes por pelo menos duas semanas. Outros sintomas podem estar associados, como alterações no sono, no apetite e no peso corporal, sentimentos de culpa, baixa autoestima, dificuldades de se concentrar, pensar e tomar decisões, dores no corpo sem causa física, pensamentos sobre morte.
A pessoa deprimida possui pensamentos negativos sobre si, sobre o mundo e sobre o futuro. É comum ela se sentir incapaz, inútil e desprovida de quaisquer potencialidades ou capacidades. Acredita que nada dá certo em sua vida, que o mundo é ruim somente com ela e que o futuro nada lhe reserva. Assim, tende a se isolar da família, dos amigos, dos colegas de trabalho. A depressão interfere muito na qualidade de vida da pessoa, em função dos diversos prejuízos nas áreas pessoal, social e profissional.
Diagnóstico precoce e tratamento adequado são importantes para que os prejuízos possam ser minimizados. O tratamento, em geral, é realizado de forma combinada por psicólogo e psiquiatra e visa, em primeiro lugar, à diminuição dos sintomas e à conquista do equilíbrio emocional. 
A psicoterapia é um espaço no qual a pessoa deprimida será compreendida e aceita, mas que também vai lhe oportunizar a possibilidade de entendimento de suas dificuldades, bem como de resgate de suas potencialidades, crenças positivas e condições para enfrentar os seus problemas de forma mais saudável
Por Vanessa Marzullo 

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Figuras-fundo: o que isso tem a ver com os nossos problemas emocionais?



Ao olhar para estas duas imagens, o que você vê? Uma moça ou uma velha? Uma taça ou duas faces? Estas imagens retratam as chamadas figuras-fundo, um dos princípios da Teoria da Gestalt, que estudou a percepção em meados da década de 1920. Aquilo que se sobressai para você, é a figura; todo o resto é o fundo. Então, ao perceber a moça, ela se torna a figura, e a velha se torna o fundo, e o inverso também é verdadeiro. O mesmo acontece com a imagem das faces-taça e com todas as outras imagens de figura-fundo que existem.
Alguns anos depois, Frederick Perls, ao desenvolver sua teoria psicológica, utilizou-se deste conceito figura-fundo para fundamentar um de seus grandes postulados. Ele entendeu que a figura-fundo pode ser também fisiológica ou psicológica e aqui ele introduz sua contribuição de que a figura é a necessidade dominante do organismo. Um exemplo de figura-fundo fisiológica: estou lendo um livro e de repente sinto fome – a fome é a figura, ou seja, a necessidade fisiológica dominante, que se sobressai sobre um fundo, que no caso é a leitura do livro.
Agora vamos a um exemplo de figura-fundo sob o ponto de vista psicológico. Um amigo me fala coisas difíceis sobre meu comportamento e naquele momento da conversa não consigo falar nem fazer nada, mas após a conversa fico com uma sensação muito ruim; sinto que preciso falar para ele o que penso e sinto. Isto que sinto é a minha necessidade dominante, ou seja, a minha figura, que se destacou de um fundo, que pode ser a minha amizade com esta pessoa, a minha história de vida, etc. Se volto a conversar com o amigo e falo dos meus sentimentos, eu satisfaço a minha necessidade; se não converso por medo, por vergonha, ou seja lá o que for, eu fico insatisfeito, angustiado, magoado.
Os problemas emocionais começam a aparecer quando não conseguimos satisfazer as nossas necessidades; muitas vezes, nem sabemos quais são elas. Seguindo o exemplo acima, se eu sempre me calo quando deveria de expor meus sentimentos ou pensamentos, vou me tornando uma pessoa insatisfeita, vou me enrijecendo e a reagindo sempre da mesma forma, independente da situação ou da pessoa. Assim, instala-se o sofrimento psíquico e a pessoa muitas vezes precisa iniciar uma psicoterapia para poder se conhecer, conhecer suas necessidades e aprender a satisfazê-las. 
É bom esclarecer que isso tudo não é tão simples quanto parece, porque há sobreposição de figuras, ou seja, são várias necessidades não satisfeitas que incomodam e causam sofrimento, e porque as figuras (ou necessidades) são por vezes bastante complexas por envolver uma série de questões, como sentimentos, crenças, história de vida, entre outras.
Por Vanessa Marzullo