quarta-feira, 21 de outubro de 2015

A dança do casal




Ao iniciar um relacionamento amoroso, o casal está cheio de expectativas e de amor para oferecer, faz planos e sonha junto, soma as experiências e divide as dores. Assim, o casal inicia uma espécie de dança, única e intransferível. Nessa dança, os parceiros precisam escolher o ritmo, a música que querem dançar; precisam acertar o passo – dois para cá, dois para lá; dois para cá, um para lá... Porém, muitas vezes, os parceiros não conseguem decidir a música, o ritmo ou mesmo o passo, e há certo descompasso na dança, e aí podem surgir as discussões e os desentendimentos.

Saber dançar a dança do amor exige tempo e paciência, pois o casal precisa se conhecer para poder realizar essa dança. No início de uma relação, não se conhece muito bem ao outro, não se sabe muito bem como agir nessa ou naquela situação. Por mais experiência que se tenha no assunto por já ter tido outras relações, cada uma é diferente da outra, porque envolve pessoas e momentos de vida diferentes. Saber o que fazer e o que falar vem com o tempo, com a convivência, com o conhecer o outro e a si mesmo. Vem com as tentativas de fazer diferente, vem com os erros e com os acertos, vem com a maturidade.

Assim, pode-se dizer que uma relação amorosa é uma co-construção, em que ambos os parceiros contribuem de forma igualitária, tanto para as coisas boas como para as ruins.

Em geral, uma relação amorosa saudável envolve vínculo afetivo e sexual, respeito, apoio, companheirismo, compreensão, confiança, divisão clara de papéis, diálogo, comunicação aberta e objetiva dos pensamentos, sentimentos e desejos... Além disso, deve estar presente a individualidade de cada parceiro, cabendo a cada um preservá-la – seja com amigos, com familiares, ou sozinho. Sabe-se que a ausência ou inadequação de uma ou mais destas características podem gerar o tal do descompasso do qual se falou anteriormente.

Com relação à preservação da individualidade, é importante comentar que é um assunto bastante polêmico nos relacionamentos. Isto porque os parceiros podem ficar inseguros ou com ciúmes do parceiro quando este sai com amigos(as), com familiares, ou quando decide fazer alguma atividade sozinho. Mas a ideia é que o casal possa, com o tempo, criar o vínculo afetivo e de confiança, que será uma base para o relacionamento e sustentará estes momentos da privacidade de cada um.

Outro ponto interessante a se comentar sobre relacionamentos é o aparecimento inevitável da rotina após algum tempo de convivência. Segundo o dicionário Aurélio, rotina significa uma “sequência de atos ou procedimentos que se observa pela força do hábito”. Com a correria dos dias atuais e com a série de compromissos que hoje se tem, a tendência das pessoas é facilitar sua vida, e assim criam-se os hábitos que sendo executados de maneira continuada acabam se tornando rotina. Mas o que se pode fazer para aliviar a carga que muitas vezes se torna a rotina? O casal, através de uma boa conversa, pode estar decidindo sobre suas atividades – seja sobre o cotidiano, trabalho, ou lazer – e definindo quais, como, quando e com quem serão realizadas. A flexibilidade aparece aqui como essencial, com a ideia de não seguir ideias rígidas e fixas e de que se pode ceder em alguns momentos para a boa convivência do casal.

Como a perfeição no relacionamento amoroso e a magia da máxima “felizes para sempre” estão, em princípio, reservadas ao conto de fadas, ficamos, então, com a realidade do relacionamento possível, mas não menos amoroso, intenso, significativo. Ficamos com o encanto do passo e do descompasso da dança do casal, buscando o melhor de si, o melhor do outro e o melhor da relação, na tentativa de encontrar o bem-estar, o crescimento e a satisfação de todos.

Por Vanessa Marzullo





segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Somos nossos guardiões




Assisti ao filme de animação “A origem dos guardiões”, que me fez refletir sobre o que agora divido com vocês. Esta película conta a história de heróis guardiões, que possuem a tarefa de proteger as crianças e seus sonhos, encantos e memórias do Bicho Papão, que por sua vez luta para fazer com que as crianças sintam medo e desacreditem nestes guardiões. Mas para que possam ser guardiões precisam conhecer seu cerne e sua missão.
Assim, o filme nos convida a refletir sobre o nosso cerne, ou melhor, a essência de cada um nós, e também a nossa missão, que estão intimamente ligadas, conforme a história do filme. Muitas vezes, a nossa essência está escondida por muitas máscaras, que seriam as nossas características mais aparentes. Porém, lá no fundo, está a nossa essência, a nossa característica mais marcante, ou a que melhor nos define. E junto dela talvez esteja também a nossa missão.
Esse processo íntimo de ir desvelando as máscaras, de entrar em contato com a nossa essência, se chama autoconhecimento. E é ele que nos liberta, nos fortalece, nos faz pessoas melhores, nos traz mais qualidade de vida e enobrece nossas relações interpessoais. Além disso, ainda nos faz guardiões de nossa própria vida.
Por Vanessa Marzullo 

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

De malas prontas!



Quero lhe fazer um convite para uma viagem. Mas antes de iniciá-la, sugiro que você verifique a sua mala, para poder decidir o que quer e o que precisa deixar nela, e o que não quer e o que não precisa. Se percebeu que falta alguma coisa, providencie para que seja colocado.
O destino da viagem não é um lugar. É um tempo. E o tempo é o ano de 2013. E o meu convite é para você avaliar sua mala pessoal, ou seja, a sua vida, e que vida quer levar para 2013. Algumas coisas, como sentimentos, pensamentos, atitudes, precisam ser retiradas da mala, e outras colocadas. Também tem o que se gosta e o que se precisa, e o lugar dessas coisas é na mala mesmo.
Todo final (ou início) de ano é esse mesmo processo, em que se reflete sobre o que se leva para o ano vindouro, e o que se deixa no ano que se despede. Mas durante o ano também se pode fazer uma limpeza na mala e mexer nela se necessário, para que não chegue ao final do ano muito pesada, e você quase sem forças para carregá-la. 
Você é a pessoa responsável pela sua mala e por carregá-la, e também pelas coisas que estão dentro ou fora dela, pois você autorizou que elas entrassem, ficassem ou saíssem. Cuide bem de sua mala e trate-a com carinho, porque você depende dela para viajar pelo ano de 2013 e por todos os outros que ainda virão.
Por Vanessa Marzullo 

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Jogos eletrônicos na infância e na adolescência



Os jogos eletrônicos e os jogos on-line têm despertado, há algum tempo, a atenção das pessoas, de várias faixas etárias. Mas com a globalização e a tecnologia, estão se tornando mais complexos e os aparelhos mais sofisticados.
Os jogos não são bons nem ruins, pois vão depender da forma como são utilizados.
Eles podem estimular ou desenvolver habilidades como raciocínio lógico-matemático, criatividade, estratégias, agilidade no raciocínio e no reflexo, percepção de análise, tempo e espaço, memória, resolução de problemas. Ademais, pode auxiliar na aquisição de uma língua estrangeira e no desenvolvimento escolar.
Contudo, se a criança/adolescente focar toda a sua atenção apenas nos jogos, pode prejudicar o desenvolvimento escolar, pois tende a deixar de realizar temas, trabalhos e estudos para provas. Pode também ter prejuízo social, ou seja, a criança/adolescente deixa de sair ou de brincar, encontrar amigos e familiares. Há estudos que revelam que a criança/adolescente que passa muito tempo jogando tende a desenvolver obesidade ou problemas de visão.
Vale lembrar que o uso indiscriminado dos jogos pode levar à dependência (vício), devendo tanto a criança/adolescente quanto os pais a terem cuidados com o seu uso.
Sabe-se que um dos fatores para um desenvolvimento saudável durante a infância e a adolescência é o equilíbrio entre as diversas atividades que a criança/adolescente tem, como por exemplo estudos (escola e estudo de línguas), lazer (TV, computador, brincar, jogos, passear), esporte, e obviamente, descanso.
Algumas dicas para os pais:
- Estimule o diálogo com seu filho, pois somente através da conversa é que você o conhecerá.
- Converse com seu filho sobre os jogos, fale dos benefícios e malefícios.
- Decida junto com seu filho quais jogos são mais adequados para a sua idade, explique os motivos pelos quais você permite uns e proíbe outros. Permita que ele também argumente, porque isto estimula sua capacidade crítica e argumentativa. Mas lembre-se que a palavra final é sempre a sua!
- Determine o tempo que o seu filho pode jogar por dia, acompanhe e fiscalize.
- Se for utilizar a retirada do jogo como castigo, fique atento as suas promessas, porque você vai precisar cumprir o que prometeu. Prometa somente o que pode cumprir.
- Em alguns momentos, permita-se a brincar e jogar com seu filho. Ele vai adorar ter você como companheiro(a) de jogo!
- E lembre-se que o mais importante de tudo é o amor e o carinho que você dá ao seu filho
Por Vanessa Marzullo 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Sinto ciúme. E agora?



O ciúme é um sentimento normal, assim como qualquer outro: amor, raiva, saudade, alegria, tristeza. Todos nós já o sentimos alguma vez na vida, em maior ou menor grau. Ele está presente nas mais diversas relações, como entre pais e filhos, irmãos, amigos, colegas, parceiros.

Em si, o ciúme não é bom nem ruim. A questão está em o que fazemos com ele, como agimos quando o sentimos – se escondemos do outro, se demonstramos ao outro, e como demonstramos – falando, brigando, acusando, desconfiando. 

O ciúme, conforme o grau, a intensidade e a forma como se lida com ele, pode vir a causar intenso sofrimento e/ou prejuízo pessoal, profissional, social para a pessoa que sente, para quem é o alvo do ciúme e também para a relação entre estas pessoas. Nestes casos, é importante a busca pela psicoterapia, para que se possa avaliar o que está acontecendo, as origens desse sentimento, o quanto de sofrimento está causando, e para que se possa encontrar novas e saudáveis formas de lidar com ele.
Por Vanessa Marzullo 

segunda-feira, 26 de março de 2012

Uma reflexão sobre a frustração



Jonas, 5 anos, faz um escândalo no supermercado, pois sua mãe lhe nega seu salgadinho favorito. Ana, 13 anos, tranca-se no quarto porque seu pai lhe proibiu de ir a uma festa com amigos. Jeferson, 18 anos, não se conforma por não ter passado no vestibular. Adriana, 25 anos, desespera-se ao ser demitida do emprego, pelo qual muito lutou e se empenhou.
Estas pequenas histórias com personagens fictícios possuem algo em comum entre elas e também em comum conosco. Estas breves cenas nos falam da frustração, sentida pelos personagens ao não conseguirem aquilo que queriam.
A frustração é um estado emocional que surge quando nossos desejos ou necessidades não são satisfeitos. Pode ser efeito de um fracasso (caso do Jeferson), impedimento (caso do Jonas e da Ana), ou contrariedade (caso da Adriana). A frustração também pode resultar em consequências comportamentais, como agressividade, retraimento, fuga, choro, etc.
Na verdade, muitos de nós não fomos preparados para lidar com a frustração, para lidar com o desejo não atendido, proibição ou fracasso. Sabe-se que os pais ainda não estão preparando seus filhos para lidarem com ela. Na maioria das vezes, a pessoa vai se deparar pela primeira vez com a frustração na vida adulta, e provavelmente não saberá o que fazer, porque não lhe foi ensinado. Assim, temos uma pessoa frustrada, que não sabe o que fazer com tamanha angústia, já que a frustração, se não é bem administrada, é fonte de muita angústia, ansiedade e tristeza. Nestes casos, a frustração paralisa, bloqueia, impede – novos atos, tentativas, descobertas... 
O ditado popular “é de pequeno que se aprende” se encaixa perfeitamente para a frustração. Os pais podem e devem frustrar seus filhos desde pequenos (ex.: dizer não, não deixar a criança fazer tudo o que ela quer) e não precisam se preocupar que não estarão cometendo nenhum crime ao fazer isso. Pelo contrário, estarão ensinando seus filhos desde pequenos a lidar com algo difícil e que ocorrerá mais cedo ou mais tarde em suas vidas. Ou será que você conhece alguém que nunca tenha se frustrado? E vale lembrar que nada melhor do que aprender as lições mais difíceis da vida com os nossos pais, que são a nossa fonte inesgotável de amor e compreensão.
Por Vanessa Marzullo 

domingo, 25 de março de 2012

Mudar ou não mudar? Eis a questão!



Esses dias li uma frase de Freud que me chamou atenção, pois é um assunto recorrente no consultório e gostaria de compartilhar as minhas reflexões sobre ela. A frase é: “Quando a dor de não estar vivendo for maior que o medo da mudança, a pessoa muda”.
O autor nos coloca que para que possamos mudar, a nossa dor e o nosso sofrimento precisa ser maior, mais intenso do que o medo da mudança. Geralmente, o que ocorre conosco é justamente o contrário, ou seja, o medo da mudança, do novo, é sempre mais paralisante do que qualquer outra coisa.
Esse “não estar vivendo” está relacionado ao sentimento de que muitas pessoas têm nos dias de hoje: não se sentir satisfeito com seu emprego, com seu casamento, com seus papéis na família e na sociedade, com sua vida de uma forma geral. A pessoa está vivendo um dia após o outro, sem expectativas, esperanças ou objetivos. Ela até possui sonhos, ideias, desejos de ter uma vida diferente (seja no profissional, seja no pessoal, ou nos dois), sente incômodo e desconforto por isso, sofre e chora por isso, mas não modifica sua situação.
A pessoa está no que chamamos de “zona de conforto”. O que ela vive, o que ela tem, é o conhecido, sabe o que é e como lidar com isso. Sair disto é angustiante, amedrontador, desconfortável, porque não sabe o que vai encontrar, como vai ser, se vai ter condições de lidar com o novo ou não.
Outra reflexão que se pode fazer é com relação aos objetivos. Como foi dito antes, a pessoa que está na “zona de conforto” muitas vezes não tem objetivos pessoais, profissionais, de vida. Não sabe se quer casar, namorar ou continuar “ficando”, não sabe qual profissão seguir, se continua casada ou se separa, se continua a morar com os pais ou vai morar sozinha. A pessoa até pode pensar nesses objetivos, mas parece que não lhe são claros o suficiente para lutar por eles. 
No momento em que a pessoa tem a consciência e a convicção do que quer para si, dos seus objetivos e do caminho que quer trilhar, a “zona de conforto” definitivamente lhe será enormemente desconfortável, a ponto de ser dolorida o suficiente para romper com o assustador medo da mudança.
Por Vanessa Marzullo