Ao iniciar um relacionamento amoroso, o casal está cheio de expectativas e de amor para oferecer, faz planos e sonha junto, soma as experiências e divide as dores. Assim, o casal inicia uma espécie de dança, única e intransferível. Nessa dança, os parceiros precisam escolher o ritmo, a música que querem dançar; precisam acertar o passo – dois para cá, dois para lá; dois para cá, um para lá... Porém, muitas vezes, os parceiros não conseguem decidir a música, o ritmo ou mesmo o passo, e há certo descompasso na dança, e aí podem surgir as discussões e os desentendimentos.
Saber dançar a dança do amor exige tempo e paciência, pois o casal precisa se conhecer para poder realizar essa dança. No início de uma relação, não se conhece muito bem ao outro, não se sabe muito bem como agir nessa ou naquela situação. Por mais experiência que se tenha no assunto por já ter tido outras relações, cada uma é diferente da outra, porque envolve pessoas e momentos de vida diferentes. Saber o que fazer e o que falar vem com o tempo, com a convivência, com o conhecer o outro e a si mesmo. Vem com as tentativas de fazer diferente, vem com os erros e com os acertos, vem com a maturidade.
Assim, pode-se dizer que uma relação amorosa é uma co-construção, em que ambos os parceiros contribuem de forma igualitária, tanto para as coisas boas como para as ruins.
Em geral, uma relação amorosa saudável envolve vínculo afetivo e sexual, respeito, apoio, companheirismo, compreensão, confiança, divisão clara de papéis, diálogo, comunicação aberta e objetiva dos pensamentos, sentimentos e desejos... Além disso, deve estar presente a individualidade de cada parceiro, cabendo a cada um preservá-la – seja com amigos, com familiares, ou sozinho. Sabe-se que a ausência ou inadequação de uma ou mais destas características podem gerar o tal do descompasso do qual se falou anteriormente.
Com relação à preservação da individualidade, é importante comentar que é um assunto bastante polêmico nos relacionamentos. Isto porque os parceiros podem ficar inseguros ou com ciúmes do parceiro quando este sai com amigos(as), com familiares, ou quando decide fazer alguma atividade sozinho. Mas a ideia é que o casal possa, com o tempo, criar o vínculo afetivo e de confiança, que será uma base para o relacionamento e sustentará estes momentos da privacidade de cada um.
Outro ponto interessante a se comentar sobre relacionamentos é o aparecimento inevitável da rotina após algum tempo de convivência. Segundo o dicionário Aurélio, rotina significa uma “sequência de atos ou procedimentos que se observa pela força do hábito”. Com a correria dos dias atuais e com a série de compromissos que hoje se tem, a tendência das pessoas é facilitar sua vida, e assim criam-se os hábitos que sendo executados de maneira continuada acabam se tornando rotina. Mas o que se pode fazer para aliviar a carga que muitas vezes se torna a rotina? O casal, através de uma boa conversa, pode estar decidindo sobre suas atividades – seja sobre o cotidiano, trabalho, ou lazer – e definindo quais, como, quando e com quem serão realizadas. A flexibilidade aparece aqui como essencial, com a ideia de não seguir ideias rígidas e fixas e de que se pode ceder em alguns momentos para a boa convivência do casal.
Como a perfeição no relacionamento amoroso e a magia da máxima “felizes para sempre” estão, em princípio, reservadas ao conto de fadas, ficamos, então, com a realidade do relacionamento possível, mas não menos amoroso, intenso, significativo. Ficamos com o encanto do passo e do descompasso da dança do casal, buscando o melhor de si, o melhor do outro e o melhor da relação, na tentativa de encontrar o bem-estar, o crescimento e a satisfação de todos.
Por Vanessa Marzullo
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