segunda-feira, 26 de março de 2012

Uma reflexão sobre a frustração



Jonas, 5 anos, faz um escândalo no supermercado, pois sua mãe lhe nega seu salgadinho favorito. Ana, 13 anos, tranca-se no quarto porque seu pai lhe proibiu de ir a uma festa com amigos. Jeferson, 18 anos, não se conforma por não ter passado no vestibular. Adriana, 25 anos, desespera-se ao ser demitida do emprego, pelo qual muito lutou e se empenhou.
Estas pequenas histórias com personagens fictícios possuem algo em comum entre elas e também em comum conosco. Estas breves cenas nos falam da frustração, sentida pelos personagens ao não conseguirem aquilo que queriam.
A frustração é um estado emocional que surge quando nossos desejos ou necessidades não são satisfeitos. Pode ser efeito de um fracasso (caso do Jeferson), impedimento (caso do Jonas e da Ana), ou contrariedade (caso da Adriana). A frustração também pode resultar em consequências comportamentais, como agressividade, retraimento, fuga, choro, etc.
Na verdade, muitos de nós não fomos preparados para lidar com a frustração, para lidar com o desejo não atendido, proibição ou fracasso. Sabe-se que os pais ainda não estão preparando seus filhos para lidarem com ela. Na maioria das vezes, a pessoa vai se deparar pela primeira vez com a frustração na vida adulta, e provavelmente não saberá o que fazer, porque não lhe foi ensinado. Assim, temos uma pessoa frustrada, que não sabe o que fazer com tamanha angústia, já que a frustração, se não é bem administrada, é fonte de muita angústia, ansiedade e tristeza. Nestes casos, a frustração paralisa, bloqueia, impede – novos atos, tentativas, descobertas... 
O ditado popular “é de pequeno que se aprende” se encaixa perfeitamente para a frustração. Os pais podem e devem frustrar seus filhos desde pequenos (ex.: dizer não, não deixar a criança fazer tudo o que ela quer) e não precisam se preocupar que não estarão cometendo nenhum crime ao fazer isso. Pelo contrário, estarão ensinando seus filhos desde pequenos a lidar com algo difícil e que ocorrerá mais cedo ou mais tarde em suas vidas. Ou será que você conhece alguém que nunca tenha se frustrado? E vale lembrar que nada melhor do que aprender as lições mais difíceis da vida com os nossos pais, que são a nossa fonte inesgotável de amor e compreensão.
Por Vanessa Marzullo 

domingo, 25 de março de 2012

Mudar ou não mudar? Eis a questão!



Esses dias li uma frase de Freud que me chamou atenção, pois é um assunto recorrente no consultório e gostaria de compartilhar as minhas reflexões sobre ela. A frase é: “Quando a dor de não estar vivendo for maior que o medo da mudança, a pessoa muda”.
O autor nos coloca que para que possamos mudar, a nossa dor e o nosso sofrimento precisa ser maior, mais intenso do que o medo da mudança. Geralmente, o que ocorre conosco é justamente o contrário, ou seja, o medo da mudança, do novo, é sempre mais paralisante do que qualquer outra coisa.
Esse “não estar vivendo” está relacionado ao sentimento de que muitas pessoas têm nos dias de hoje: não se sentir satisfeito com seu emprego, com seu casamento, com seus papéis na família e na sociedade, com sua vida de uma forma geral. A pessoa está vivendo um dia após o outro, sem expectativas, esperanças ou objetivos. Ela até possui sonhos, ideias, desejos de ter uma vida diferente (seja no profissional, seja no pessoal, ou nos dois), sente incômodo e desconforto por isso, sofre e chora por isso, mas não modifica sua situação.
A pessoa está no que chamamos de “zona de conforto”. O que ela vive, o que ela tem, é o conhecido, sabe o que é e como lidar com isso. Sair disto é angustiante, amedrontador, desconfortável, porque não sabe o que vai encontrar, como vai ser, se vai ter condições de lidar com o novo ou não.
Outra reflexão que se pode fazer é com relação aos objetivos. Como foi dito antes, a pessoa que está na “zona de conforto” muitas vezes não tem objetivos pessoais, profissionais, de vida. Não sabe se quer casar, namorar ou continuar “ficando”, não sabe qual profissão seguir, se continua casada ou se separa, se continua a morar com os pais ou vai morar sozinha. A pessoa até pode pensar nesses objetivos, mas parece que não lhe são claros o suficiente para lutar por eles. 
No momento em que a pessoa tem a consciência e a convicção do que quer para si, dos seus objetivos e do caminho que quer trilhar, a “zona de conforto” definitivamente lhe será enormemente desconfortável, a ponto de ser dolorida o suficiente para romper com o assustador medo da mudança.
Por Vanessa Marzullo